«VENDAS AGRESSIVAS» e ALMOÇOS GRÁTIS

Proponho uma pausa para reflectir nas técnicas, muito em voga nos últimos anos, que dão pelo nome de "técnicas de venda agressiva". Toda a empresa sonha com este tipo de tácticas e muitas recorrem a expedientes que podem ser considerados autênticos contributos teóricos para a arte de bem furtar a toda a brida! Quanto a mim a expressão ou é mal empregue ou é por si própria “agressiva”.
Venda agressiva é do meu ponto de vista sinónimo da utilização de argumentos extrínsecos mas irrecusáveis que usam de um determinado grau de violência persuasiva do tipo: − “senão me compra este seguro de saúde como vou poder pagar a fisioterapia da minha tia na clínica lá do bairro?” ou mesmo “bom está nas suas mãos adquirir esta enciclopédia e ajudar-me a comprar o último modelo da Volvo que me anda a fazer a vida num inferno!"
São autênticas vendas forçadas, uma espécie de contributos teóricos para a arte de bem furtar a toda a brida que usam a boa consciência e natural estupidez das pessoas para as fazer adquirir aquilo que está em 109.º lugar da lista de bens a consumir! Mas não sou eu que o digo, é mesmo o Decreto-Lei nº 272/87, de 3 de Julho que o assegura.
Com este Decreto passei a perceber qual a ideia que está subjacente as estas técnicas… é fazer com que as pessoas se tornem usufrutuários de bens e serviços a título gratuito; senão leia-se o parágrafo 1 do artigo 15.º da referida lei:

“Sem prejuízo do disposto no artigo 62.º do Decreto-Lei n.º 28/84, de 20 de Janeiro, o destinatário de um produto recebido sem que por ele tenha sido encomendado ou solicitado, ou que não constitua o cumprimento de qualquer contrato válido, não fica obrigado à sua devolução ou pagamento, podendo conservá-lo a título gratuito.”

Afinal sempre há almoços grátis, Dr. João César das Neves!