A MINHA QUARTA CONVERSA COM O PRESIDENTE BUSH (6ºVersão)
Em Porto Santo, durante o mês de Agosto, num bar privado que foi ampliado com dinheiros públicos, resmunga uma pseudo-tertúlia liderada por Alberto João Jardim e um tal coronel Ramiro Morna. A esta pseudo-tertúlia chama Alberto “Universidade de Verão”. Bem almentadas e melhor bebidas, estas santas bestas misturam cerveja com inaugurações, política com insultos e altivez com tontice da grossa. Como não podia deixar de ser eu, Sarja Akhmani, estive lá a beber cerveja e conhecimentos. O Eugénio de Andrade estava enganado: nas ilhas também há nome Portugal.
Naquela manhã do dia 25 de Janeiro de 2004 decidi conhecer, sob um ângulo menos óbvio, o presidente Bush--figura enigmática que tantas cócegas faziam aos dígitos do sistema binário da minha condição de espanhol. Após uma leitura bastante superficial da obra de Ortega y Gasset, chegara à conclusão que a Espanha era um país invertebrado. Assim sendo, considerei ser um dever para com o Juan Carlos o transformar-me rapidamente numa simpática serpente espanhola de plumas coloridas com alma de cão.
--U are you? — Perguntou-me, em castelhano, a recepcionista da Casa Branca. Nos tempos que correm (aprendi-o estas ferias em Porto Santo, na Universidade de Verão), a serpente é um bicho que descentraliza tudo o que é epentético e despenteia, com muito aprumo e usura, tudo o que é fissipene. Munido com estes conhecimentos, respondi-lhe de uma forma muito firme:
--Sou jornalista do Expresso, um jornal bastante famoso em Espanha, e diplomado em Caninologia pela Universidade de Verão de Porto Santo. Os meus mestres foram o Dr. João Mao Tsé Albertung e o insigne reitor da mesma, o Coronel Ramirung. Além disso, tenho encontro marcado com o Presidente Bushung…--A recepcionista olhou-me de alto a baixo, cruzou as pernas, coçou o queixo com o indicador, puxou o cabelo para trás, beliscou a testa morena, tapou a boca com a mão esquerda, destapou-a com a direita, descruzou as pernas, fixou o olhar no mapa-múndi que estava estampado no lenço que tirou da bolsa castanha, limpou as políticas mucosidades do nariz, voltou a cruzar as pernas, cruzou os braços, cuspiu para o lenço, sorriu e disse-me em inglês:
--Que hace una serpiente aqui?
--Por favor, não me faça perder tempo: como já lhe disse, sou jornalista do Expresso e após uma leitura aprofundadamente superficial do Ortega, decidi frequentar o curso de Caninologia ministrado pela Universidade de Verão de Porto Santo…
--Como ha sido eso? Quién han sido sus maestros? — Perguntou-me ela enquanto limpava as unhas com uma moeda de um dólar.
--Por favor, deixe-me entrar…Já estou um bocado atrasado…Mis maestros foram o Dr. João Mao Tsé Albertung, perito em Distorção Óptica e o Coronel Ramirung Mornung, especialista em Eclipses e na Dentição do Peixe-Agulha velentinus loureirensis...Please, let me in…
--You wait right there! Snakes are not allowded to go in….
Que podia fazer senão dar-lhe razão? Num ápice, deitei no sector terciário da alma os conhecimentos recém-adquiridos, desfiz-me das plumas, procurei nos bolsos das calças o bigode falso, sacudi os braços com indiferença e bradei:
--Pero la serpiente tambiém es una creación divina!
A princípio ela pareceu-me bastante impressionada com a minha fluência na língua de Shakespeare. No entanto, foi sol de pouca dura, pois o dia escureceu repentinamente e o modestíssimo hall de entrada da Casa Branca ficou mais escuro que a cabeça do presidente Bush. Foi então que ela me disse uma coisa que me pôs a pensar no eterno mistério de haver gente perfeitamente insensível ao mistério de haver gente insensível ao mistério de haver gente:
--É bastante fácil lidarmos com uma família disfuncional, sobretudo quando somos um deles.
--Que quer você dizer com isso?
--Que o acho bastante atraente. Sempre achei que as serpentes espanholas eram as mais simpáticas do mundo. Sabe, também tenho sangue espanhol…
--Sim!? — Que engraçado…--Disse eu com um grande bocejo que se não queria desprender da boca. — O seu pai é espanhol?
--Ambos têm sangue castelhano.
--De que zona é a sua mãe?
--De Alcoutim.
--Linda cidade. Se não me engano é lá para os lados de Valência, não é verdade?
--Sim, fica à esquerda de quem vem de um bairro muito bonito que dá pelo nome de Barcelona. Conhece?
--Claro que conheço. E o seu pai?
--O meu pai nasceu no Chade e nunca ouviu falar de Espanha.
--Gosto imenso dessa região. Tenho lá uns parentes afastados que teimam em falar bretão sempre que lá vou.
--Olhe, desse mal me queixo eu.
--Já pedi ao Alberto João Jardim que os regionalize, mas ele diz que de nada vale regionalizar o Chade enquanto o sistema político não mudar em Espanha.
--Lá razão tem ele!
--Claro que sim! Ele tem sempre razão, sobretudo quando está longe.
--É giro…Também gosto muito dele ao longe…Torna-se mais…
--Sim, torna-se mais…
--…Mais…
--…Mais…
--…Mais…
--…Torna-se mais…
--Quer fazer amor comigo? — Perguntei-lhe enquanto triturava nervosamente com os dentes o bigode falso. Ela acariciou o longos cabelos louros, olhou com desprezo o mapa-mundi desenhado no lenço, e disse:
--Vamos à casa de banho. O autoclismo está avariado. Quer vir?
--...Não sei...Nunca fiz amor com um presidente dos Estados Unidos da América...
Naquela manhã do dia 25 de Janeiro de 2004 decidi conhecer, sob um ângulo menos óbvio, o presidente Bush--figura enigmática que tantas cócegas faziam aos dígitos do sistema binário da minha condição de espanhol. Após uma leitura bastante superficial da obra de Ortega y Gasset, chegara à conclusão que a Espanha era um país invertebrado. Assim sendo, considerei ser um dever para com o Juan Carlos o transformar-me rapidamente numa simpática serpente espanhola de plumas coloridas com alma de cão.
--U are you? — Perguntou-me, em castelhano, a recepcionista da Casa Branca. Nos tempos que correm (aprendi-o estas ferias em Porto Santo, na Universidade de Verão), a serpente é um bicho que descentraliza tudo o que é epentético e despenteia, com muito aprumo e usura, tudo o que é fissipene. Munido com estes conhecimentos, respondi-lhe de uma forma muito firme:
--Sou jornalista do Expresso, um jornal bastante famoso em Espanha, e diplomado em Caninologia pela Universidade de Verão de Porto Santo. Os meus mestres foram o Dr. João Mao Tsé Albertung e o insigne reitor da mesma, o Coronel Ramirung. Além disso, tenho encontro marcado com o Presidente Bushung…--A recepcionista olhou-me de alto a baixo, cruzou as pernas, coçou o queixo com o indicador, puxou o cabelo para trás, beliscou a testa morena, tapou a boca com a mão esquerda, destapou-a com a direita, descruzou as pernas, fixou o olhar no mapa-múndi que estava estampado no lenço que tirou da bolsa castanha, limpou as políticas mucosidades do nariz, voltou a cruzar as pernas, cruzou os braços, cuspiu para o lenço, sorriu e disse-me em inglês:
--Que hace una serpiente aqui?
--Por favor, não me faça perder tempo: como já lhe disse, sou jornalista do Expresso e após uma leitura aprofundadamente superficial do Ortega, decidi frequentar o curso de Caninologia ministrado pela Universidade de Verão de Porto Santo…
--Como ha sido eso? Quién han sido sus maestros? — Perguntou-me ela enquanto limpava as unhas com uma moeda de um dólar.
--Por favor, deixe-me entrar…Já estou um bocado atrasado…Mis maestros foram o Dr. João Mao Tsé Albertung, perito em Distorção Óptica e o Coronel Ramirung Mornung, especialista em Eclipses e na Dentição do Peixe-Agulha velentinus loureirensis...Please, let me in…
--You wait right there! Snakes are not allowded to go in….
Que podia fazer senão dar-lhe razão? Num ápice, deitei no sector terciário da alma os conhecimentos recém-adquiridos, desfiz-me das plumas, procurei nos bolsos das calças o bigode falso, sacudi os braços com indiferença e bradei:
--Pero la serpiente tambiém es una creación divina!
A princípio ela pareceu-me bastante impressionada com a minha fluência na língua de Shakespeare. No entanto, foi sol de pouca dura, pois o dia escureceu repentinamente e o modestíssimo hall de entrada da Casa Branca ficou mais escuro que a cabeça do presidente Bush. Foi então que ela me disse uma coisa que me pôs a pensar no eterno mistério de haver gente perfeitamente insensível ao mistério de haver gente insensível ao mistério de haver gente:
--É bastante fácil lidarmos com uma família disfuncional, sobretudo quando somos um deles.
--Que quer você dizer com isso?
--Que o acho bastante atraente. Sempre achei que as serpentes espanholas eram as mais simpáticas do mundo. Sabe, também tenho sangue espanhol…
--Sim!? — Que engraçado…--Disse eu com um grande bocejo que se não queria desprender da boca. — O seu pai é espanhol?
--Ambos têm sangue castelhano.
--De que zona é a sua mãe?
--De Alcoutim.
--Linda cidade. Se não me engano é lá para os lados de Valência, não é verdade?
--Sim, fica à esquerda de quem vem de um bairro muito bonito que dá pelo nome de Barcelona. Conhece?
--Claro que conheço. E o seu pai?
--O meu pai nasceu no Chade e nunca ouviu falar de Espanha.
--Gosto imenso dessa região. Tenho lá uns parentes afastados que teimam em falar bretão sempre que lá vou.
--Olhe, desse mal me queixo eu.
--Já pedi ao Alberto João Jardim que os regionalize, mas ele diz que de nada vale regionalizar o Chade enquanto o sistema político não mudar em Espanha.
--Lá razão tem ele!
--Claro que sim! Ele tem sempre razão, sobretudo quando está longe.
--É giro…Também gosto muito dele ao longe…Torna-se mais…
--Sim, torna-se mais…
--…Mais…
--…Mais…
--…Mais…
--…Torna-se mais…
--Quer fazer amor comigo? — Perguntei-lhe enquanto triturava nervosamente com os dentes o bigode falso. Ela acariciou o longos cabelos louros, olhou com desprezo o mapa-mundi desenhado no lenço, e disse:
--Vamos à casa de banho. O autoclismo está avariado. Quer vir?
--...Não sei...Nunca fiz amor com um presidente dos Estados Unidos da América...
8 Comments:
Que merda de texto! Alguma vez isto em piada?!
Ainda para mais o gajo arma-se em intelectual!!!!!!!!
O Sarja é na verdade de tirilene; não acreditem nele!
Américo
Grande conversa com o Bush! A tua imaginação está delirante!
Proponho isolamento hidráulico às vazas anónimas ricas em colibacilos suspensos em pensamentos de água nitrificada por exonerações excrementícias produzidas num exurtório de despejos de problemas de existencia estercoral.
Assim é que é cagar... digo falar!
Proposta aceite!
Sarja
Pedro
Obrigado pelo elogio. Como sabes, limito-me a seguir muito humildemente as pisadas do meu "mestre" Groucho, o homem que trouxe o Marxismo para a comédia, bem como os mestres de todos nós--os Monty Python.
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